terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Será possível que me estejam a fazer a cama?

Acho que sim, o som calejado do lençol sobre a cama dá um gosto adocicado de folículo que apetece lamber. É possível que seja um truque explicado apenas pela televisão. Truques mágicos revelados ao fim do dia por um ilusionista macabro da tv que não tem mais nada que fazer. Imagino uma cama muito molinha só possível pela vontade da crise que nos deixa (a)burros e(b)delinquentes. (b)Haja algo de bom nisto tudo. Haja bombas e violência. Que se faça a morte do sistema que nos permite a mão nas algibeiras. Que se matem todos os políticos e seus filhos e gente politica e politicódependentes uma duas e três vezes. E depois o som de um lençol enxovalhado vem de um jeito explicitamente marginal que parece que nos quer deixar embalar. Um sono lânguido surge no meio de tudo e dormir é o único prazer.

(a)Imaginemos uma nave com muitos botões. Cada um deles com uma letra, número ou símbolo impresso. Sim e não. Teclemos. Deixemos que a preguiça da memória seja não mais que um aglomerado de informação ao alcance de qualquer um. Qualquer um não se lembra do segundo anterior e para de pensar. As imagens param - vítimas da falta de imaginação.

Paralelamente a cama tem os lençóis esticados. Cobertores bem quentinhos. As molas esticadinhas e as vitimas do holocausto pegam numa guitarra portuguesa e todos os Carlos Paredes deste mundo tocam a melodia eterna da ausência da saudade.

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