"Tiro a roupa e entro na poça junto da corrente borbulhante, sobre as pedras polidas. A água está tão limpa que parece que não existe.
A minha pele está cinzenta, por falta de sol, por falta de banhos. E, sim, a água está tão fria, esta água que ainda ontem estava encerrada em gelo no cume das montanhas. Mas a dor do frio é uma dor que não me importa. Tiro as calças, a camisa, a gravata, a roupa interior, que ficam espalhadas pelos seixos junto do meu cobertor.
E a água da torrente ruge mais acima.
Oh como ruge! Como uma voz que só conhece uma mensagem, uma verdade, infindável, como as palmas e vivas dos cidadãos na coroação de um rei, as multidões da tomada de posse, dando vivas à esperança e a essa voz que lhes falará."
Douglas Coupland, A vida depois de Deus
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