sábado, 19 de fevereiro de 2011

A idade é coisa que me encaixa bem

como um servo, como se pudesse olhar nos olhos de alguém e compreender,como se pudesse ser como sempre sou, homem cujas estrelas se apagaram sem cintilar, com o cérebro cansado, aberto por tanto saber que tudo isto nunca iria a lado algum.
Por vezes guardo fruta em cima do frigorífico,
de modo a que possa apodrecer sem eu a comer.
Por vezes passo pelo frigorífico e por lá fico,
a pensar em que cheiro será este que me penetra pelas narinas e me dá asco, vontade de vomitar. Como sempre abro as janelas de alumínio. Deixo o pássaro preso na gaiola pensar que a chiadeira é uma forma de comunicação com ele e crio longas serenatas de arrepiar os vizinhos. Outras vezes é com um assobio. Música menos dolorosa para o ouvido que por estes dias não aguenta tanto ruído.


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