Começa a travar,
o carro guina um pouco para a esquerda devido a um socalco na estrada,
as mãos não estão no sítio certo, apagam um cigarro, o cinzeiro está cheio e, já se sabe, a beata cai, tenta-se corrigir o problema.
O carro guina um pouco para a esquerda, mas, como houve uma distracção, atravessa a estrada, o pneu rebenta contra o passeio e quando se dá por isso está-se deitado na estrada com a cabeça a correr sangue. Uma tristeza,
houve um funeral muito esquisito em que só estavam presentes padres que entraram pelas campas adentro como que à procura de ursos que dormitavam por ali e acordaram e deram-lhes umas grandes sovas. Houve até um padre decapitado. Um problema.
Acelera aqui, agora:
o carro capota, o corpo rebola,
o alcatrão sabia tão bem que nem doía, uma delícia.
Tinha os lábios rasgados, as meias feitas em redes envoltas nas pernas queimadas pelo borrão da maldita nicotina - vicio dental, amarelenta morte negra, cancro citadino dos papos roxos sob os olhos agora para sempre fechados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário