terça-feira, 25 de março de 2014

DOIS ANDARES ACIMA

O piar dos pássaros
pára quando abro a janela da marquise e me sento no banco da mesa de jantar.
A chinfrineira cessa, abafada pelo som do microondas que amorna a água.
(A sineta toca - breakfast is ready) 

Um andar abaixo
(como era belo um poema com os pássaros a cantar)

sobem escadas,
a porta da entrada fecha-se e entras com as compras nos sacos.
É meio-dia. Uns acordam, outros começam a chegar. 

Lia “Receitas para gastrónomos requintados, do Paulo Plantier"
lia para aprender bom Português - é uma pátria – dirias,

chegarás à cama quando um dia dormirás. Sabes que por agora aguentas, levitas no colchão. Hás de ver MTV, gajas doidas a fornicar. Farás pior que todas elas e por fim falas quando te dizem alguma coisa, mas as palavras não são tuas, são automatismos da
cabeça que deitas na almofada.  

O comando há de estar sempre nesta mão
até que acordas e não o encontras,

(a chorar)
outra vez.

Nenhum comentário: